terça-feira, 30 de julho de 2013

Carta de Pérola para Psicóloga Leila


 
            Fazer terapia não é fácil, porém vale muito à pena quando a pessoa está disposta a mudar. Esta é a carta de uma pessoa que atendi, onde o resultado foi bem positivo. Teve uma fala dela na ultima sessão que me marcou muito onde ela disse: “nenhuma dor física é tão forte quanto a uma dor emocional, pois a dor física toma-se um remédio e ela passa e a dor emocional não tem remédio que passe, apenas depende de nós, com a ajuda de um profissional da área para resolvermos os problemas que as geram”.  A seguir a carta que ela me escreveu no final de seu processo terapêutico.

Carta de Pérola para Psicóloga Leila

            
            Minha vida é feita de escolhas, às vezes é difícil escolher o melhor caminho. Caí muitas vezes, cada vez que me levanto estou mais forte para continuar a lutar pela vida, saúde física e psicológica.
            Hoje tenho certeza que ninguém faz mais mal para mim do que eu mesma, por isso no lugar de passar mal, escolho estar bem, rindo ou fazendo algo para distrair o que me incomoda. Estou me sentindo melhor, posso dizer que não é fácil o processo terapêutico. Tive algumas recaídas. Escolhas não são fáceis assim como imaginamos, todos os dias preciso escolher como vai ser o meu dia.
            Mensagem de uma amiga: A vida nos ensina que fracos são aqueles que não tentam levantar-se.
Ta ruim hoje?
Amanhã pode melhorar. Não melhorou? Calma tudo tem a sua hora.
Chorou, que bom! Ao menos você tem coragem de assumir que está triste.
Alguém foi embora?
As pessoas são donas de si mesmas, uma hora ou outra elas teriam que partir.
Perdeu seu amor?
Dói, mas vai aparecer alguém melhor, nenhum encontro dura para sempre.
Decepcionou-se?
Isso não mata.
Parece que nada dá certo?
Isso é a vida, a gente enverga, mas não quebra e assim aprendemos a viver.
“Não desista nunca, mesmo que os ventos soprem ao contrário” (Santa Paulina).
Espero que este pequeno relato da minha vida, possa ajudar quem está passando por esta fase da vida.

quarta-feira, 22 de maio de 2013





Carta de Estrela para Psicóloga Leila

Quando cada pessoa chega ao meu consultório, começo a escutar sua história de vida e o motivo que levou ela estar lá. Cada caso é unido e especial. Único, pois cada pessoa tem sua história de vida com suas alegrias e tristezas e especial, pois no decorrer de cada sessão, você saber que está conseguindo ajudar aquela pessoa que esta ali na sua frente, com suas dores, dificuldades, angustias, culpas, mágoas e tantos outros sentimentos que carregam, não tem nada neste mundo mais recompensador do que saber que pude contribuir com sua melhora. Saber que pude ajudar ela perceber o valor que tem e que devemos viver o hoje, o aqui e agora e que a felicidade depende mais de nós mesmos do que dos outros, isso tudo, faz com que eu Psicóloga Leila, passe a amar e me dedicar cada vez mais a esta minha linda profissão. Espero que esta carta faça, com que muitos de vocês leitores possam refletir sobre suas vidas e a pensarem que nada dura para sempre, nem mesmo os nossos problemas e dores, e que quando estamos dispostos tudo pode mudar (Psicóloga Leila, 21/05/2013).



Carta de Estrela para Psicóloga Leila


Quando tudo está escuro, quando nada mais parece ter sentido, quando nada tem mais graça, quando o melhor de tudo é acabar com toda essa angustia, ansiedade, tristeza da forma mais drástica e fria possível, Deus abre nossos olhos e coloca as pessoas certas em nossas vidas.
Quem já quis tirar a própria vida para curar uma ferida, para tirar de vez da memória todo um passado de angustias, arrependimentos. Quem já pegou uma faca, olhou para seus remédios querendo acabar com tudo. Quis jogar seu carro contra um caminhão ou mesmo em um barranco. Quem nunca acreditou em Deus, ou teve dúvidas que ele pode mover montanhas por um filho seu.
Quem tudo sempre teve, mas nesse tudo sentia um vazio, uma falta imensurável. Queria desistir, parar de encher os pulmões. Parar com essa cobrança, com todos a minha volta. Parar de pensar, de sentir essa dor, de acordar e dormir todos os dias. Essa pessoa ERA EU. Quando se está nessa situação, ninguém pode imaginar o que se passa, e eu, ah, eu não contaria, jamais!
Quando pensei em desistir, finalmente encontrei Deus, minha força, meu amigo, minha base que resgatou minha fé, fé essa que estava em mim e eu não sabia mais aonde buscar pra encontrar. Nessa hora eu ressuscitei. Já morri tantas e tantas vezes e neste dia eu renasci. Renasceu em mim os sentimentos, sentidos, o passado sofrido, presente e o tão desejado futuro. Deus começou a me acalentar com doses pequenas do seu carinho e ele não desistiu de mim, e eu até hoje não desisto dele, pois minha vida está aqui por um propósito maravilhoso. E eu não duvido mais disso.
Hoje, além dessa força divina, dessa fé maior de tudo, da minha família, namorado e amigos, tenho uma nova amiga, a quem eu devo agradecer.
A Leila entrou na minha vida por um acaso, depois de inúmeras tentativas de terapias horripilantes ou sem alguma resposta as minhas dúvidas, ela esclareceu e me ajudou nesse período que estava triste, nervosa, ansiosa, um turbilhão de sentimentos difíceis até de eu me entender.
Estou bem, muito bem. Sei que hoje a minha vida é feita de escolhas, de todas as pessoas também, mas poucas param e pensam nisso. Hoje, poucas coisas me atingem, pois o PRA QUE e o PORQUÊ das coisas vem à tona e sempre conseguem me auxiliar. Toda hora e em todo lugar. Saber a sua diferença e trabalhar pra que isso seja natural não foi fácil, mas valeu à pena.
Queria transmitir a todas as pessoas essa calma, essa paz interior que reflete em todos os meus dias, por mais escuro que esteja, há sempre uma saída, um recomeço, um pra que, um caminho, uma saída.
Se eu pudesse parar, olhar para trás e fazer tudo diferente, traçando outro caminho, não o faria. Poderia ser melhor, mais fácil, sem dor, sem sofrimentos, medicamentos, lágrimas, perdas.. mas hoje não teria amadurecido tanto, crescido tanto e desvendado tantos mistérios que hoje são tolices aos meus olhos.
Ontem menina, frágil, dependente.
Hoje mulher, guerreira, independente e pronta pro que vier!
Deus escreve certo por linhas tortas, foi assim e sempre será. 
 (Estrela, 20/05/2013)


quinta-feira, 21 de março de 2013



Carta de Pink para Psicóloga Leila



Quando aprendemos que nossa vida é feita de escolhas e que estamos escolhendo o tempo todo o que acontece conosco, paramos de jogar a culpa e responsabilidade de nossa vida nas outras pessoas, passamos a ver a vida com um olhar diferente, um olhar de esperança de uma vida melhor, e passamos aceitar que como estamos hoje é fruto das escolhas de ontem e como estaremos amanhã é fruto das nossas escolhas de hoje. Por isso, lembre-se a nossa vida está em nossas mãos e é fruto de nossas escolhas. Esta é a carta de uma cliente que depois que aprendeu isso, mudou sua vida, e hoje vive muito feliz. (Leila, 21/03/13)


Carta de Pink para Psicóloga Leila




Posso dizer que melhorei em 100% meu comportamento e minhas atitudes em frente aos conflitos que ocorrem e aos aspectos emocionais nesse período de terapia.
Aprendi que eu posso ter a atenção das pessoas sem precisar fazer escândalos ou brigar, que minha mãe nunca vai deixar de ser minha mãe independente de qualquer atitude que ela venha a tomar.
Não fico mais sofrendo por coisas que não devem ser levadas em consideração, antes até parecia que eu gostava de sofrer e de ficar me fazendo de vítima para ter atenção. Eu brigava por qualquer coisa e me magoava muito fácil e agora eu percebo que não preciso disso.
Aprendi que a vida é feita de escolhas e eu tenho a liberdade de escolher  e que depois da escolha vem as conseqüências e aí não adianta ficar reclamando.
Aprendi que eu tenho um filtro de café que posso usar a hora que eu quiser para deixar entrar na minha vida as coisas que realmente importem, e assim não perder tempo me torturando com o que os outros pensam ou falam, paro para observar as coisas que vão agregar valor na minha vida.
Uso minha moeda imaginária para controlar minhas atitudes e nunca esquecer que eu tenho o controle e que não preciso ficar gritando, brigando porque esse tipo de comportamento não traz conseqüências agradáveis e junto com elas depois vem o arrependimento.
Aprendi a pensar mais em mim e agora sei que eu nunca vou agradar todo mundo e não devo focar meus esforços em tentar agradar as pessoas mas sim em fazer o que eu acho que é correto e o que vai me fazer bem. O desespero nunca vai me levar para nenhum lugar!
Agora posso dizer que existia uma Pink antes da terapia que era infantil e vivia reinando pra chamar a atenção e a Pink de agora que tem mais consciência das atitudes que toma e que procura em situações difíceis sempre ver o que pode ser tirado de bom.
   Obrigada por ter me mostrado o caminho pra ser feliz sem ficar reinando e brigando para chamar a atenção.
 Que Deus sempre te ilumine para que você possa mostrar as pessoas que os problemas existem, mas que podemos escolher a melhor maneira para conviver com eles e enfrentá-los. 
Bjoo.
(Autora, Pinck, 05/07/12)


quarta-feira, 20 de março de 2013

Carta de Calambim para Psicóloga Leila



Quando uma pessoa chega até o consultório de um psicólogo, muitas vezes vê nele a sua ultima esperança, que ele o tire daquele buraco que não vê saída, e deposita toda sua força e energia na esperança de uma vida melhor, de uma vida mais feliz. Dentro da minha abordagem clínica que é a Relacional Sistêmica, trabalho muito para que a pessoa perceba o seu padrão de funcionamento e a partir daí faça as mudanças que são necessárias. Mudar não é fácil, mas a partir do momento que passamos a nos conhecer cada vez mais, mudar não é uma questão de necessidade e sim de escolha. E saber que podemos escolher ser feliz a maior parte do tempo, não se sentindo culpado, angustiado, com medo, aprende-se que viver cada dia é sensacional e maravilhoso. Para eu, como Psicóloga, não tem dinheiro no mundo que pague ver a alegria, a melhora e a mudança de cada cliente que vem até mim, pois saber que puder ajudar e fazer parte da sua mudança e melhora é muito gratificante. Eu tenho um ritual meu, que peço para cada cliente que esta terminando o processo terapêutico que me escreva uma carta de como foi na visão dele o processo, e a seguir segue uma das cartas que recebi e que a pessoa que atendi me autorizou a publicar, o nome de identificação foi de sua escolha de forma que não venha a identificá-la.


Carta de Calambim para Psicóloga Leila.


Nunca pensei que poderia viver tanta mudança em minha vida, descobri tantas coisas importantes que agora fazem tanto sentindo, ainda estou me acostumando com esse jeito novo de ver o mundo.

Já faz alguns dias que não paro para pensar no meu passado... e mais dias ainda pensando no meu futuro. Isso tudo é um tanto engraçado porque em um passado muito recente eu me confundia em meus pensamentos era uma mistura de culpa, receio e medo com controle de ter um futuro certo e exato.

E não ganhava nada com isso ao contrário a cada dia perdia mais, perdia um pedacinho de mim, da minha essência, é eu estava perdendo minha vida. Agora eu vivo cada instante, todos os simples momentos e desfruto dele o máximo que posso, pois compreendi que a vida é curta demais para perdemos tempo sofrendo.

Minhas dores se transformaram em lembranças, minhas lágrimas em sorrisos, e o peso da culpa em lindas roupas e perfumes delicados... Ando pela rua de cabeça erguida prestando atenção naquele instante e agradeço a Deus por estar viva. Inclui a palavra não em meu cotidiano e também as palavras talvez... quem sabe... (rsrsr)
Estou feliz... Estou bem comigo mesma agora.

(Autor, Calambim, 18/03/13)

sábado, 8 de setembro de 2012


É difícil se responsabilizar pelas próprias escolhas?


Leila Francielli Ribeiro
Orientadora: Psicóloga Rafaela Senff Ribeiro

Resumo

O presente artigo aborda um tema de muito interesse não só dos psicólogos, mas de todas as pessoas que estão em busca de uma melhor qualidade de vida. Sabe-se que a vida é feita de escolhas, porém se responsabilizar por estas escolhas não é fácil, mas é possível. A Terapia Relacional Sistêmica é uma abordagem que tem como objetivo auxiliar o cliente a ter consciência do seu padrão de funcionamento, a partir disso auxiliá-lo a realizar aprendizagens que se fazem necessárias e fazer as mudanças que são pertinentes. Sempre mostrando para o cliente que ele é o único responsável pela sua própria vida, que esta é feita de escolhas, e que quanto mais ele perceber seu padrão de funcionamento, mais consciente ficará de como faz suas escolhas e consequentemente passar a se responsabilizar por elas.

Palavras-chave: Consciência; Escolhas; Responsabilidade.


INTRODUÇÃO


            Com o mundo moderno e globalizado, não só a tecnologia vem avançando e mudando a cada momento, mas também o ser humano. Antigamente a humanidade vivia baseada na crença e na superstição, não se conhecia as leis do Universo, da Física, da Psicologia, da Sociologia, e de todas as outras ciências. A revolução científica substituiu a ignorância pelo conhecimento e modificou o mundo como um todo. A partir disso, a ciência começou a estudar a fundo as coisas que aconteciam no mundo, e nestes estudos incluiu-se o estudo do ser humano. Nas pesquisas sobre o ser humano descobriram-se várias coisas físicas e emocionais; nas emocionais que é realizada grande parte pela ciência da Psicologia, pode-se dizer que, na medida em que as pessoas aumentam sua auto percepção, mais controle elas tem de si mesmas.
            Perceber a si mesma, e se responsabilizar pelas próprias escolhas não é tarefa fácil, a abordagem Relacional Sistêmica tem como objetivo fazer com que o cliente tome consciência do seu Padrão de Funcionamento e passe a se responsabilizar pela sua vida, pois esta é feita de escolhas. Quanto mais uma pessoa toma consciência de que escolhe tudo em sua vida, passa a assumir a responsabilidade por ela, e a vivê-la de modo que quiser.


DESENVOLVIMENTO


            Se responsabilizar pelas próprias escolhas é muito difícil, por várias questões, mas antes de falarmos sobre estas questões, primeiro precisa-se entender o que é ser responsável do ponto de vista relacional sistêmico e o que são as escolhas, para então conseguir compreender este processo e assumir que o único responsável pela sua própria vida é você.
            Ser responsável do ponto de vista Relacional Sistêmico é ter consciência do seu desejo, ter opções de escolha, fazer sua escolha e aceitar as consequências e os resultados dela. Escolha é ser responsável pelo comportamento, sentimento, pensamento, enfermidades que escolheu ter, ou seja, é ser responsável por tudo o que acontece em sua vida (Rosset, 2008).
            Escolhas e responsabilidades deveriam andar sempre juntas. Se todas as pessoas se conscientizassem que sua vida é feitas de escolhas, e que a cada escolha se responsabilizasse pelas consequências, o ser humano viveria uma vida mais feliz sem culpabilidade. Não existiria mais crítica a si ou aos outros, mas sim um estado de coisas, um funcionamento, um aspecto para ser flexibilizado e ampliado.
Não existiriam vítimas nem bandidos, e sim pessoas cada vez mais conscientes do seu padrão de funcionamento, que passariam a ver que cada pessoa integrante de um sistema, tem sua parcela de responsabilidade para que ele esteja daquela forma. Um exemplo é a relação de casal, se o casamento não vai bem, cada um tem sua parcela de responsabilidade para que ele esteja assim.  Se cada membro do casal percebesse a sua contribuição naquela relação, em vez de ficar um culpando o outro, acabaria com os “culpados”, pois cada um passaria a ver que a vida é feita de escolhas e ela pode escolher continuar neste casamento que não está lhe fazendo bem, ou tentar ser feliz de outra forma, o que as impedem de fazer diferente, o medo do desconhecido e de se responsabilizarem por suas vidas, o casamento não está bem, mas o culpado é o marido que não a faz feliz, e com isso, vai levando de forma que é mais fácil culpar o marido do que perceber sua contribuição nesta situação e carregar também sua parcela de responsabilidade.
            Schutz (1979), já afirmava isso, ele diz que: nossa vida é feita de escolhas. Escolhemos tudo o que faz parte de nossas vidas. Escolho meu comportamento, meus sentimentos, meus pensamentos, minhas enfermidades, meu corpo, minhas reações, minha espontaneidade, minha morte.
            De algumas destas escolhas, escolho tomar consciência, e de algumas outras, escolho não tomar consciência. Geralmente opto por não perceber sentimentos com os quais não quero me confrontar, pensamentos que são inaceitáveis, e algumas das relações de causa-e-efeito entre determinados eventos (SCHUTZ, 1979).

O que tem sido denominado inconsciente fica, com esta formulação, desmistificado. Escolho até isso. Meu inconsciente é, simplesmente, todas aquelas coisas das quais escolho não tomar consciência. Não existem incidentes. Os acontecimentos ocorrem porque escolhemos sua ocorrência. Nem sempre estamos conscientes de os estarmos escolhendo (SCHUTZ, p. 33, 1979).

            Se aceitarmos que escolhemos tudo, a vida fica mais leve, tranqüila e feliz, pois a pessoa percebe que está no comando e tem poder de decidir o que é melhor para si. Quando a pessoa aceita isso, passa se responsabilizar pela sua vida, pelos acontecimentos e para de culpar os outros pelas coisas que estão acontecendo consigo.
            Aceitar que escolhemos tudo é muito difícil, pois cada um passa a ser autor de sua vida. Porém é mais fácil colocar a culpa nos outros pelas coisas que não deram certo, do que perceber que a escolha feita naquele momento foi uma escolha consciente ou até mesmo ao nível inconsciente, mas que foi minha própria escolha.
            Mas como conseguir assumir a autoria de sua própria história, sem colocar a responsabilidade das próprias escolhas nas outras pessoas? É aprender a trazer para a consciência os fenômenos dos quais não tem ciência. “Assim que se torna consciente, as decisões a ser tomadas estão sujeitas à sua vontade. Elucidar aquilo que é despercebido é algo bastante parecido ao tradicional objetivo psicanalítico de tornar o inconsciente consciente” (SCHUTZ, p. 36, 1979).

Em geral, não penso que posso escolher o modo como sinto ou como reajo diante de um evento. É mais preciso dizer que não estou me permitindo tomar consciência da base na qual fundamento essa escolha de sentimentos. Se me deixar ir a fundo e localizar essa base, posso trazer minha escolha ao nível de minha percepção consciente e então modificá-la se assim o desejar (SCHUTZ, p. 37, 1979).

            Dentro da abordagem Relacional Sistêmica, o terapeuta auxilia o cliente a ter consciência do seu próprio padrão de funcionamento, a partir disso auxilia-o a realizar as aprendizagens que se fazem necessárias, e fazer as mudanças que são pertinentes.
            Como foi visto, se responsabilizar pelas próprias escolhas não é tarefa fácil, mas é possível, e como fazer para se responsabilizar pelas próprias escolhas? Dentro da abordagem Relacional Sistêmica, primeiramente a pessoa precisa desenvolver a consciência do seu padrão de funcionamento, ou seja, é começar a perceber no seu dia-a-dia como funciona a partir daí ver que pode ser/fazer diferente.  A partir do momento em que a pessoa compreende o seu padrão de funcionamento, ela inicia o processo de mudança, passando assim por etapas, passos, momentos e movimentos que vão dando conhecimento, consciência e compreensão do seu funcionamento. A pessoa vai descobrindo o quê e quando dos fatos, as reações e as emoções e passa a trabalhar descobrindo para quê faz determinada ação ou tem determinado reação, surgindo então o desejo de mudança.
            A partir da tomada de consciência do seu padrão de funcionamento, começa-se a ter possibilidade de fazer reais escolhas, e passa a aceitar a responsabilidade por elas, a vida fica diferente, pois a pessoa percebe que esta no poder, que é ela quem decide, e que é a única responsável pela sua própria vida, passando assim ser o autor de sua própria história.
           

REFERÊNCIAS


ROSSET, Maria Solange. Terapia Relacional Sistêmica. Curitiba, Sol, 2008.

SCHUTZ, Will. Profunda Simplicidade: Uma nova consciência do Eu interior. Ágora, 1979.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Diálogos contidos e monólogos compartilhados: encontros e desencontros na construção de sentido nas relações amorosas


              
            Embora existam muitas formas de começar uma relação amorosa, muitas acontecem a partir desse flash de êxtase que define a paixão (FREIRE, 1999), caminhando, se bem-sucedida, para a construção de um amor seguro, mais equilibrado e voltado para uma expectativa de permanência das sensações prazerosas. Nessa caminhada, a convivência vai dando lugar à construção da intimidade, que para Giddens (1993) caracteriza-se como comunicação pessoal num contexto de igualdade interpessoal. Compreendo que uma relação íntima é uma via de duas mãos. Um não pode ser íntimo do outro, se o outro também não for íntimo dele. Numa transição para a intimidade, um casal que inicia um relacionamento vai tentando decifrar quem é esse(a) novo(a) companheiro(a), o que pensa, o que sente e como sente, o que espera da vida, quais seus valores e projetos, enfim, quem é essa pessoa e como ela pode fazer parte de sua vida nesse momento. Evidentemente, isso pressupõe escuta aberta e observação. O que não se compreende se pergunta ou se procura compreender. Esse é um caminho para a possível construção de um sentido comum para essa vivência, que só será possível se os dois envolvidos assim o quiserem.
            Contudo, uma vez íntimos, o desconhecido vai dando lugar ao já sabido, ao esperado, ao previsível. Assim, cada vez se sabe mais de antemão, sem necessidade ou impulso para compreender uma ação ou um gesto presente do(a) parceiro(a) como uma coisa nova, inédita, uma não-mesmice. No inevitável que é viver a convivência, numa previsibilidade do que se pode esperar do(a) parceiro(a), a intimidade acaba resultando num fechamento para ver o presente como algo de novo. Assim, as maneiras de pensar, sentir e agir do(a) parceiro(a) acabam sendo consideradas a partir das mesmas saturadas lentes que, muitas vezes, o(a) deformam, configurando(a) numa espécie de caricatura, podendo ser um enquadre perverso ou violento. Nesse sentido, Bustos (2001, p. 85) afirma que “todo vínculo é ao mesmo tempo um cárcere e uma libertação”.
             A manutenção de uma relação pressupõe a coordenação de ações como se fosse a coordenação de pessoas entre dois bailarinos. Seguramente, se estão juntos há tempos numa relação, deve ter havido alguma harmonia, suficientemente de bom tamanho para ambos, para que tivessem a vontade de continuar a dançarem juntos. Muitos ritmos, muitos passos... diferentes coordenações diante de uma via multifaceta e imprevisível que apresenta novos ritmos e pede por novas coreografias. A cada momento, o inesperado apresenta-se como possibilidade e desafio exigindo muita criatividade e disponibilidade para acertar o passo e desfrutar de um movimento harmonioso e estético, preservando o especial dessa parceria. Não é isso afinal que se espera da vida? Viver bem e ser feliz? Como seres sociais, todos nós buscamos companhias especiais e, nenhuma delas mais especial que essa – a de um(a) companheiro(a) amoroso(a).
            Quanto mais um relacionamento dura menos se conhece o(a) parceiro(a). Esse é um grande paradoxo da vida a dois, extremamente importante, quando um casal vive uma relação de conflito. Se por um lado a convivência implica maior familiaridade e conhecimento, por outro implica supor muito e perguntar pouco, resultando num conhecimento cada vez menor do(a) parceiro(a).

(Resumo tirado do livro Gritos e Sussuros).

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Escolhas

     

   Escolho tudo o que faz parte de minha vida e sempre o fiz. Escolho meu comportamento, meus sentimentos, meus pensamentos, minhas enfermidades, meu corpo, minhas reações, minha espontaneidade, minha morte.

            De algumas destas escolhas, escolho tomar consciência, e de algumas outras, escolho não tomar consciência. Geralmente opto por não perceber sentimentos com os quais não quero me confrontar, pensamentos que são inaceitáveis, e algumas das relações de causa-e-efeito entre determinados eventos.
            O que tem sido denominado inconsciente fica, com esta formulação, desmistificado. Escolho até isso. Meu inconsciente é, simplesmente, todas aquelas coisas das quais escolho não tomar consciência. Não existem incidentes. Os acontecimentos ocorrem porque escolhemos sua ocorrência. Nem sempre estamos conscientes de os estarmos escolhendo.
            Uma vez que aceitamos a responsabilidade pela escolha de nossas vidas, tudo fica diferente. Temos poder, decidimos. Estamos no controle. Enquanto eu ver você como sendo a causa do meu medo, passo todo o meu tempo tentando mudar, criticar, evitar ou destruir você. Mas assim que ver que o medo existe em mim posso trabalhar em cima da capacidade que tenho ou não de enfrentar o que me surge – e este é, sem dúvida, um trabalho muito proveitoso. Existe tão-somente um medo: o medo de não ser capaz de dar conta – de minha própria incapacidade.
            Não é necessário crer no conceito de escolha para examinar suas conseqüências. Se você assume que a escolha é uma verdade, você tem a oportunidade de descobrir se ela é verdadeira. Se você presume que grande parte da vida é casual, você jamais saberá se é ou não. O que há a perder?
            Um dos objetivos fundamentais dos grupos de encontro e da terapia é ajudar a você, como participante, a tornar-se cônsciso daqueles fenômenos dos quais não tem ciência. Assim que você se torna consciente, as decisões que tomar estão sujeitas à sua vontade. Elucidar aquilo que é despercebido é algo bastante parecido ao tradicional objetivo psicanalítico de tornar o inconsciente consciente.
            Em geral, não penso que posso escolher o modo como sinto ou como reajo diante de um evento. É mais preciso dizer que não estou me permitindo tomar consciência da base na qual fundamento essa escolha de sentimentos. Se me deixar ir a fundo e localizar essa base, posso trazer minha escolha ao nível de minha percepção consciente e então modificá-la se assim o desejar.
            Desde o começo escolho tudo em minha vida. A rigor, não podemos responsabilizar ninguém por nossas vidas. Elas são por nós escolhidas, antes mesmo de começar. Assim que aceitarmos nossa responsabilidade, poderemos nos dedicar à tarefa de modificá-las – se optarmos por isso.
            Em parte, a reação do outro à minha pessoa é determinada pelas condições que eu crio. Minha mudança de comportamento não se deve a qualquer consideração a respeito do outro; tampouco mudo minha conduta para ser ético, gentil, altruísta. Mudo para poder eliciar no outro o tipo de resposta que desejo.
            Apesar de acreditar que você escolhe sua vida, isto não me impedirá de ter compaixão por você. A compaixão se define como um sentimento de simpatia e pena profunda por outra pessoa, afligida por um sofrimento ou catástrofe, sentimento este que vem acompanhado por um forte desejo de atenuar a dor ou eliminar sua causa. Para mim sentir-se compadecido significa sentir o desejo de criar condições dentro das quais você escolhe diminuir sua própria dor.
            O quanto de compaixão pessoalmente sinto por você vai depender do quanto me importo com você como pessoa e de três fatores pelos quais eu percebo: (1) você aceitar ou não responsabilizar-se por si mesmo; (2) você estar disposto a solucionar seu próprio problema ; (3) você se permitir saber como resolver suas dificuldades.
            Quanto mais você se permite ser consciente, mais você se comporta como um organismo unificado, consegue que suas ações sejam completas, e sente alegria.  Ao longo do tempo, provavelmente descobrirei que, quanto mais eu assumo responsabilidade por minha própria vida, por meio de minhas conscientizações, mais feliz serei. Posso, entretanto, seguir no ritmo que eu escolher.

Texto tirado do livro profunda simplicidade de Will Schutz.